terça-feira, 19 de maio de 2015

Supermercado no terreno do Presidente




Este processo, como assume o Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, não foi discutido em Reunião de Câmara, sendo aprovado no recato dos gabinetes. No entanto, em termos políticos, é legítimo questionar se a aprovação deste projeto beneficiou das alterações introduzidas à pressa na Revisão do novo PDM; ou ainda da tentativa quase desesperada e bem paga de contrariar um novo período de discussão pública do mesmo. É claro que qualquer cidadão tem o direito de zelar pelos seus negócios pessoais, pelos da família ou dos associados das organizações com fins lucrativos que gere ou participa. Misturar tudo isto com o cumprimento de uma missão confiada pelos cidadãos, de defesa do bem comum e dos interesses do território e da sua comunidade é que já não é admissível ou transparente! 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Câmara com 20 meses de prática contraditória



Balanço da Comissão Política de Secção de Albergaria do PSD

Cumpridos quase 2 anos de mandato autárquico, o Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, eleito no último sufrágio, começa a dar sinais evidentes de desconforto quando confrontado com a incapacidade de dar cumprimento às promessas eleitorais.

O compromisso mais difundido, de baixar o preço da água para todos os munícipes, foi rapidamente ignorado; não fosse a lembrança constante de um eleito do PSD na Assembleia Municipal e o assunto já teria, até, sido esquecido. Para além de não ter feito rigorosamente nada para dar seguimento à promessa eleitoral, o Presidente da CM Albergaria, um dos presidentes de câmara com assento e voto no Conselho de Administração das Águas da Região de Aveiro (ADRA), na reunião em que foi discutido e aprovado o tarifário para 2015 votou, sem qualquer declaração de voto, um novo aumento de tarifário! E acima do valor da inflação!

Outro dos desígnios eleitorais era a rápida fixação de novas empresas e consequente criação de postos de trabalho. Na realidade, até agora, não fosse uma atabalhoada, inquinada e condicionada discussão do novo PDM e o tema não teria sido, também, abordado. Para além do projeto de instalação de uma nova superfície comercial que parece estar para breve, não consta que o Presidente da Câmara Municipal se tenha empenhado nesta temática, pois não há novos investimentos e o número de desempregados, ao contrário da tendência nacional e regional, até tem crescido; exceção feita para as assessorias da Câmara Municipal que trouxeram práticas muito condenadas noutros municípios, cuja falta de rigor na gestão, levou às dificuldades conhecidas de todos – uma reedição do “jobs for the boys”.

Simultaneamente, o atual Executivo leva ao limite prático as acusações que fazia quando na oposição, pois, em nome da Câmara Municipal, órgão com competências próprias que não são delegáveis, tem celebrado protocolos que a Câmara desconhece, como acontece com o Albergue Municipal; faz obras sem que seja conhecido o projeto nem o procedimento de concurso, como está a acontecer com a intervenção na Quinta da Boa Vista (Torreão); e perdeu, em absoluto, a noção do papel da autarquia na organização e apoio de eventos culturais.

Na área da Cultura, onde as críticas ao anterior executivo também foram muitas, em quase 20 meses de eleição da atual maioria, o resultado é a criação de eventos desgarrados e desprovidos de qualquer estratégia, que custam dezenas de milhares de euros em publicidade e contratos, por ajuste direto, muito questionáveis; os critérios de apoio às coletividades tornaram-se desconhecidos e parece que voltaram a ter cariz político-partidário; o desperdício de recursos e o conflito de agendas e interesses coletivos; ou a promoção de agentes culturais que visam apenas as elites, ignorando e desvalorizando os agentes locais, até às eleições apelidados de “prata da casa” e apontados como fundamentais.

Por fim, é indisfarçável uma atitude voraz de ocultação da memória e do trabalho antes realizado, dando como novidade práticas instaladas e assumidas pela comunidade como boas, como os Centros de Marcha e Corrida; rebatizando projetos herdados e prontos a executar, como o ATIVAR - Centro de Atividades Ambientais e Radicais, agora CARA, provavelmente pelo aumento do custo; ignorando os autarcas eleitos pelo PSD, quer na Assembleia Municipal, quer na Câmara Municipal, omitindo informação e factos, não respondendo, atempada e corretamente, às interpelações e solicitações.


Quase a meio do mandato autárquico, o resultado, para além de negativo, é preocupante. Negativo porque o Concelho, em vez de evoluir económica, social e culturalmente, regrediu! A falta de visão estratégica, de liderança, de um projeto político sério e aglutinador e de uma equipa capaz de o implementar, geraram dinâmicas inibidoras da participação e opinião livre e democrática. Se, por um lado, continuam a alimentar-se e a difundir-se factos e posições que não correspondem à verdade mas que trazem benefícios a curto prazo, por outro, tenta-se condicionar o debate político e o contraditório e exige-se o agradecimento ou o aplauso!

Foto: Diário de Aveiro