A
recente entrevista dada pelo Presidente da Câmara Municipal de
Albergaria-a-Velha ao Diário de Aveiro confirma o vazio de ideias, a ausência
de estratégia e visão política e a tentativa, cada vez mais evidente, de iludir
os munícipes com falsas modéstias e promessas vãs!
Nas mesmas datas em que o Ministro do
Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, numa conferência em Vila Nova de
Gaia, assumia dar continuidade à prioridade do anterior Governo relativamente à
ferrovia, nomeadamente aos investimentos na Linha do Norte e à ligação
Aveiro-Salamanca, António Loureiro regozija-se com o sucesso do Festival do
Pão!
O Presidente da Câmara Municipal de
Albergaria-a-Velha devia ser o defensor mais visível do investimento reiterado
pelo Senhor Ministro, na medida em que a concretizar-se, e mantendo a estação
regional no local defendido e bem justificado pelo anterior Executivo
municipal, sob a liderança do PSD, o concelho de Albergaria-a-Velha,
especialmente a sua zona industrial, será um dos maiores beneficiários. Se
aliarmos as rodovias que servem o concelho, à proximidade ao Porto de Aveiro e
ao novo nó ferroviário, Albergaria-a-Velha consolida todo o seu potencial
geoestratégico. Sobram as razões que justificam uma outra atitude do atual
poder político municipal, cujo desinteresse e desvalorização ficou patente
aquando da última alteração ao PDM, da sua única responsabilidade, que retirou
o mínimo de importância que um documento desta natureza, estratégico e
visionário, pudesse dar ao assunto. E não foi por falta de aviso ou sugestão,
pois o PSD vincou de forma clara e inequívoca esta lacuna, ainda que sozinho,
numa das tímidas e raras sessões de apresentação das alterações introduzidas ao
PDM levadas a cabo pelo CDS e pelo seu Presidente.
Da
entrevista, retiramos algumas referências merecedoras de nota, para memória!
Podemos
começar logo pelo título, que destaca o facto de, no passado, isto é nos mandatos
sob a liderança do PSD, haver “menos audácia”! É verdade, se atendermos que, entre
os significados, audácia representa “particularidade de algo ou de alguém que não demonstra
respeito; qualidade do que ou de quem não possui consideração por outras pessoas,
além de si mesmo”! De facto, no passado, havia muito mais respeito pelos
eleitores, pelos munícipes e pelos trabalhadores da Câmara Municipal;
pugnava-se pela verdade, pela transparência, pela informação/esclarecimento,
pela igualdade, pelo sucesso coletivo.
É muito
relevante, porque outros momentos houve em que foi negado, que António Loureiro
tenha assumido que herdou uma Câmara de boa saúde financeira!
Do balanço do exercício no atual mandato,
António Loureiro destaca, na Educação, melhoramentos nas instalações, melhoria
da qualidade das refeições e alargamento do tempo das assistentes operacionais!
Muito pouco! Gestão Corrente da herança! Passados 2 anos da eleição, deveríamos
estar a discutir a nova Carta Educativa, enquanto documento orientador dos
agentes educativos relativamente à estratégia e aos objetivos que o Executivo
quer e defende para o Município! Foi assim no passado, em 2007 o PSD apresentou
a primeira Carta Educativa do concelho, elaborada internamente, em articulação
e trabalho conjunto de técnicos e políticos, que levou à reorganização da Rede
Escolar Municipal e à consolidação do Programa Municipal de Educação, criado em
2002. Agora, sem ideias, sem rumo e com os serviços municipais espartilhados,
desmotivados e sem liderança, o Executivo contratualizou a elaboração da nova
Carta Educativa, gastando 35 mil euros!
Não deixa de surpreender que o grande projeto
que tem para apresentar do trabalho realizado seja o Festival do Pão! Tendo
António Loureiro esgotado, em campanha eleitoral, todos os argumentos na
crítica à dinâmica cultural do Município, enfatizando o excesso de “Festa”, é,
no mínimo, caricato que apresente como bandeira uma Festa! Importa ainda
referir que se, de facto, o Festival do Pão deu visibilidade a
Albergaria-a-Velha não foi pelo sucesso organizativo e, muito menos, pelo
retorno que trouxe ao concelho, sem quaisquer evidências económicas, sociais ou
outras, entre uma e outra edição. A visibilidade advém exclusivamente dos
gastos obscenos em publicidade alusiva ao evento, pagos a uma empresa
diretamente ligada à eleição de António Loureiro nas autárquicas de 2013. Na
altura, o atual Presidente criticava também os gastos em publicidade,
prometendo criar uma bolsa para estudantes do ensino superior com essa verba;
porém, na promoção do Festival do Pão gasta mais do que o anterior Executivo
nos eventos do ano todo.
É também de notar que os dois projetos
apresentados na área do turismo – Rota dos Moinhos e Albergue Municipal – são
duas boas heranças que ficaram prontas para “inaugurar” e dinamizar no
seguimento de todo o trabalho que vinha a ser realizado, por vários
intervenientes, ao longo de alguns anos. Pena que o movimento associativo tenha
sido afastado, ele que esteve na base e consolidação destes dois projetos e que
seria uma mais-valia na sua dinâmica, nãos sendo necessário recorrer a
associações externas e, muito menos, gastar milhares de euros num projeto de
promoção que estava feito e pago, como aconteceu com a Rota dos Moinhos.
Finalmente, um reparo para um aspeto que,
porventura, só o Presidente, e talvez parte do executivo, vê — a melhoria
significativa da atividade do Cineteatro Alba e, pasme-se, o maior envolvimento
das coletividades!!! Se há área em que são manifestas as diferenças, no caso
para pior, é ao nível da dinâmica e programação cultural do Cineteatro Alba. E,
essencialmente, no afastamento dos responsáveis políticos da área da cultura
relativamente ao movimento associativo. Não só deixaram e se envolver na
valorização, apoio e promoção dos projetos como, muitas vezes, deixaram de
marcar, sequer, presença nos momentos de decisão e nos próprios eventos. Em vez
de apoiar o movimento associativo, de redefinir e orientar o Programa Municipal
de apoio, o Executivo apostou na criação de coletividades com fins meramente
eleitoralistas, lideradas por familiares, amigos ou agentes
político-partidários, pondo em causa princípios básicos de transparência.
Esta entrevista é, pois, o espelho da inércia
a que o Município está votado; onde a demagogia e a retórica que diariamente
são lançadas para a comunicação social procuram esconder uma ação política de
compadrio e amiguismo e a falta capacidade e competência para atrair e fixar
investimento, como aconteceu com a A. Silva Matos, que tendo muito interesse em
ficar em Albergaria foi instalar-se em Aveiro, e está a acontecer com a
Polivouga que querendo continuar a investir em Albergaria, adquiriu já um
terreno na zona industrial de Estarreja e vai lá construir a sua nova unidade.
É investimento e centenas de postos de trabalho que deixamos de ter…
Albergaria
merece mais e melhor!
Albergaria-a-Velha,
15 de janeiro de 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário